Genealogia Gomes Carneiro

24/03/2012

Genealogia Gomes Carneiro , de J. Almeida Grellet (PDF)

Este livro, publicado em 1973, conta a história dos antepassados da minha esposa – e dos meus filhos – retroativa até a França medieval, no ano de 1380.


O aquecimento global e seu imposto predial

11/01/2012

O Rio de Janeiro, mais alguns metros de oceano

Emissões humanas de gases do efeito estufa? Ciclos naturais? Uma coisa incrementando a outra?

O certo é que não importa a causa: o aquecimento global é um fato. A temperatura média deste planeta está crescendo. E contra fatos não há argumentos.

E já há quem considere que fazer algo contra essa tendência é impossível – ou tarde demais.

Nos cenários de previsão mais conservadores, o aumento das temperaturas (por conta, principalmente, do derretimento nas calotas polares) fará com que o nível de água dos oceanos suba de 80 cm a dois metros até 2100. Parece pouco. Mas basta para por debaixo d’água as moradias e empregos de milhões. E há quem fale (sério) num aumento de 6 metros – ou mais.

Suponhamos que o nível médio do mar suba, digamos, dois metros. É o limite superior das projeções mais conservadoras. Suficiente, contudo, para colocar no caminho das marés parte significativa de cidades como Rio de Janeiro, Salvador, Belém e Florianópolis – moradias, locais de trabalho, instalações públicas, hospitais e tudo o mais que estiver ao seu alcance.

Parece uma boa hora para se fazer algo a respeito. Mas o quê?

Que tal diques? Depois do furacão Katrina, melhor não. Os diques não só não se agüentaram como transformaram Nova Orléans num tanque de esgoto. E com o mar mais quente, virão mais furacões. Maiores, mais fortes. E mais assanhados. Sem vergonha de sambar em lugares de clima mais decente, como o Brasil.

Os diques de Nova Orleans não foram páreo para o furacão Katrina

Que tal cúpulas metropolitanas, feitas de alguma liga transparente? Chique, não? É, já propuseram isso. Mas fique dentro de um carro com os vidros fechados, em pleno verão, sob o sol de Salvador, suba a temperatura global e descubra como se sente um acarajé, no tacho da baiana.

Cúpula proposta (a sério) para Houston, Texas (Estados Unidos)

O jeito é sair do caminho da natureza. Ela não aceita desaforo. Bebemos petróleo adoidado, fumamos florestas, empanturramo-nos de espécies, cheiramos minérios que nem pó – no mau sentido. É hora da faxina, do bota-fora, de cobrar os prejuízos. Como em qualquer boteco vagabundo; aliás, o planeta virou foi isso mesmo.

A natureza  já fez isso antes (pensando bem, um bom hábito – para ela). Já se perdeu a conta de quantas cidades antigas, bonitinhas (com estátuas de pedra branca, praças e tudo o mais) foram achadas à beira-mar – do lado errado. Não tem jeito: a conta não sai barata, e todos teremos de pagá-la.

O prefeito (ou rei, ou o que o valha) da cidade acima perdeu a chance de salvar a cidade - e o mandato

Portanto, melhor começar a pagar agora, adiantado, e em parcelas homeopáticas.

Mas como desocupar as áreas reclamadas pelo mar? Os governos sabem e os noticiários demonstram como é difícil tirar pessoas (físicas ou jurídicas, não importa) de casa, mesmo quando está para cair – ou já caiu.

Aos poucos, e com antecedência, ora essa! Antes das inundações. Diluindo o custo ao longo do tempo, e antes do prazo de vencimento – cada vez mais próximo, e o pior: incerto.

Eu sei que vai parecer mentira, mas os governos têm como fazer isso. É só planejar em longo prazo, e cumprir as metas (haja otimismo). Por exemplo: toda vez que é de interesse do poder público, ele desapropria áreas privadas, realoca as pessoas e paga indenizações como compensação. É assim que se constroem estradas, represas, aeroportos. Ou seja, praticamente qualquer obra pública de grande porte que exija o deslocamento de pessoas e bens.

O poder público também usa a manipulação (no bom sentido, espera-se) da tributação de ocupação territorial, criando uma tendência para a realocação. O recurso é muito usado na reestruturação de bairros, por exemplo. É mais complicado de fazer, mas também funciona. O governo criaria incentivos fiscais atrativos para as áreas de reassentamento, em detrimento das áreas condenadas pelo oceano – ou aumentaria o imposto destas (você me xingou, não foi? Avisei que era complicado).

Estas alternativas são algumas das poucas com que contamos para realizar a evacuação “lenta, gradual e segura” dos litorais, com a realocação de milhões de habitantes e negócios para uma distância segura.

Nada menos que a maior obra pública da história do mundo. Que nós podemos começar agora, parcelando em uns 80 anos, com desconto. Ou esperar o mar fazer – sem desconto, e à vista.

Fontes:

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Como conquistar uma mulher – em dez anos*

01/09/2011
Filme: Adam Sendler e Drew Berrymore em "50 First Dates"

Cena do filme "50 First Dates" ("Como se fosse a primeira vez", EUA, 2004), com Adam Sandler e Drew Barrymore

Sinto desapontar aos que procuram, ávidos, aprender sobre o assunto: vocês foram enganados.

Disseram que exigia técnica, traquejo, tática, estratégia. Que você tinha que ter charme, pegada. Perfume especial, papo especial, roupa especial. Que não podia ser tímido, feio, gago, gordo, o diabo. Ou que tinha que ser o diabo, o bad boy. E haja regra – e frustração.

Tudo mentira.

É fácil namorar uma mulher. Talvez não uma mulher específica. Talvez não a que você deseje agora. Mas certamente é fácil, muito mais do que você pensa, achar alguém do tipo que seja do agrado do candidato. Basta ter paciência: com bilhões de mulheres no mundo, é estatisticamente impossível que você não ache a sua.

Duvida? Então faça como eu: vá lá, e faça uma leitura rápida em meia dúzia de revistas femininas. Pode ser escondido, não tem problema. Respeito os seus pudores machistas. É até esperado, apesar da hipocrisia do politicamente correto, do metrossexual. Mas leia: descobrirá que a psiquê feminina não é segredo de Estado, assunto ultra-secreto. É conhecimento de domínio público, literalmente – pois que publicado semanalmente, nas bancas.

Aproveite a aldeia global. Em tempos de mundo em rede, as opções se multiplicam, e a mulher que não se acha na vizinhança pode estar bem ali, na Rússia, ou no Japão. Ou apenas do outro lado da cidade, olha que pertinho!

E saia da solidão.

Mas isso não é conquistar. Pode ser paquerar, namorar, pode ser até casar! Mas conquistar é diferente.

Conquistar leva tempo. Tem que ter paciência. Muita paciência. Muitíssima paciência… e haja paciência! E não se trata de vã repetição…

A musa que você procura, para começo de conversa, é humana (espero eu).Menstrua  (tomara). Acorda de mau humor, com hálito matutino (é, o bafo), “penteado matutino”, humor matutino. Cansa-se. Aborrece-se – nem sempre por justa causa. Tem ela também suas dores e temores – estes, freqüentemente sem causa aparente. Ela se acha gorda – não importa o manequim. A não ser que se ache magra demais. Mas nunca, nunca mesmo, se dará por satisfeita diante do espelho. Nem que viva (bem) da própria imagem. E se falar que está satisfeita, cuidado: é mentira!

Ela tem defeitos. Ela fala demais – ou de menos. Teima. E teima! Critica – e o pior é que, desta vez, geralmente tem razão. E se não tiver, chora. É a arma secreta delas, infalível. Pronto, você perdeu.

Mas se você tiver a sorte de encontra-la, não desista!

Aguente o choro. Ele passa. Aproveite, aliás, para enxugar suas lágrimas. Aguente as críticas. Pensando bem, a gente merece. Aguente as inúmeras vezes em que ela não estará produzida a contento: não dá para se manter arrumada em tempo integral. Agüente os ciúmes: se ela não gostasse de você, não haveria nenhum, certo?

Mesmo com razão, ceda – sempre que possível. Mesmo com razão, peça perdão. Sempre. Antes matar a lógica que dar à luz à solidão.

E lembre-se: sua musa é humana. Um ser biológico: espécime feminino de Homo sapiens. Ou seja: ela nasce, cresce, reproduz-se… e grávida, vomita, fica infantilizada, inchada, frágil, cheia de manias…

E envelhece. Um belo dia (belo, na sua opinião: para ela, será horrível!), ela vai se pentear, e aparece de cara amarrada. Ou simplesmente chora. Achou um fiozinho branco – um reles fiozinho branco! Ou uma minúscula ruga. Seus belos olhos viraram o que, microscópios?! Mas contra o tempo, nem a musa tem razão. E tome choro.

Portanto, prepare-se: sua conquista não será nada fácil! Mas aqui está o segredo: a hora de conquistá-la é agora!

Não deixe escapar nada: se ela chorar, pegue um lenço (rápido! Uma toalhinha de rosto serve!) e enxugue as suas lágrimas. E não se esqueça de oferecer o seu melhor ombro. Se puder também por no colo, tanto melhor.

Se ela achar algum “defeito” (leia-se “efeito natural”; neste caso, em si mesma), NÃO lhe dê razão, jamais! E se não der para esconder (quase nunca dá), faça vista grossa, minimize, desvie sua atenção, enrole… use toda a sua lábia. Sim, geralmente ela vai perceber que você está tentando enganá-la, mas acredite: a idéia é essa.

Se acontecer de ela carregar um filho seu, considere o sacrifício que ela está fazendo e agüente firme. Sem veadagem, pô! Olha só, a infeliz tem náuseas insuportáveis, inchaço pra tudo quanto é lado, o teu filho esculhamba o centro de gravidade da pobre mulher, fazendo com que sua coluna vire um centro de tortura… e você que se sente incomodado? Larga de frescura, che! Vá lá, segure a cabeça dela enquanto vomita (agüente o cheiro, p@#$%!), não deixe a infeliz pegar peso… e ache o maldito sorvete de leite de cabra!

E aceite a passagem do tempo. Sua musa é uma flor. E se uma flor não murchar, amigo, é porque é de plástico.

Pois é. É assim que se conquista uma mulher, parceiro.

Mas o sacrifício compensa.

Se você for competente, com o tempo, ela vai perceber que você é um bom amigo, um companheiro; que pode contar com você, sempre; e que não apenas consegue aturá-la, mas lhe tem amor.  Vai enxergar o príncipe encantado no feio, o porto seguro no pobre, e até o gênio no burro. Ou pelo menos vai achar sua burrice “singela”.

Vai ser a sua melhor amiga. Sua cúmplice, parceira, sócia, metade. Inseparável.

E você terá conquistado a sua mulher. Para sempre.

*Amor, obrigado por aturar dez anos de casamento com este incompetente conquistador, completados hoje. Por sua paciência e clemência, minha eterna gratidão.


Umas verdades sobre a verdade

29/08/2011
Tomando ciência

Ciência vicia (do latim: "scientia vinces")*

Ciência nada mais é que a tentativa racional (geralmente) de descobrir a verdade – qualquer que seja esta verdade. E se alguém concorda que a verdade é uma coisa boa, portanto, a ciência é uma coisa boa. Nem sempre agradável – mas boa.

E você?  Concorda?

Caso concorde, caro leitor, convido-lhe a assumir você também o fardo da busca e da aceitação da verdade. E usando o pouco que ainda se sabe sobre ela, escrutinar seus nós, unir suas pontas, e humildemente dar nossa pequena contribuição ao trabalho de tecê-la.

Afinal, nossa vida é um mero espasmo, e vem gente atrás – que depende do bom termo de nosso trabalho para começar o seu.

Todo ser humano é, por natureza, um cientista. Há os bondosos, os perversos, os incansáveis, os relapsos, os competentes, os estúpidos, os profissionais (alguns), os amadores (muitos mais), e até – pasme! – os anti-cientistas.

“Porcaria nenhuma!” – talvez você pense. “Cientistas são aqueles sujeitos com aventais brancos, que ficam horas lá, no laboratório, tentando fazer alguma descoberta ‘interessante’!”. Pois eu lhe peço, amigo leitor: reconsidere. Aqueles lá são apenas uma fração da honrada fração dos profissionais, popularizados pelos meios de informação de massa como um estereótipo do que um cientista (profissional) deveria ser. (Não sem razão: aqueles sujeitos livraram nossa cara de quase todas as enfermidades que nos afligiam – e continuam livrando).

Ocorre que cientista é também o lavrador, que matuta como se livra da praga daquele ano. O empresário, que tenta descobrir como se livra da falência – ou dos concorrentes. É o artista, no subjetivo mergulho no mar das almas, em busca do sublime toque de sentimento que lhe consagre. É a sua avó, na cozinha, acertando a mão naquele biscoito que você ama. Enfim: todo aquele cujo modo de vida dependa da verdade.

Não usam o método científico de Descartes? Está bem, vá lá, é bem provável que sua sofisticação não ultrapasse o conhecimento empírico, talvez nem mesmo o puro e simples sentimento (e lá existe razão sem emoção, ou vice-versa?). Mas buscam uma verdade. Talvez não tão crucial quanto a origem do universo. Mas talvez importante para coisas muito importantes – como matar sua fome, manter seu emprego… e satisfazer seu paladar, oras!

Portanto, amigos, somos todos cientistas. E buscamos a verdade. Mesmo que doa. Não adianta: é cachaça, amigo, é vício – herdado de um primata africano qualquer.

Se iremos colocá-la à luz ou se iremos ocultá-la, constrangidos, é outra história.

*A tradução é tão falsa quanto uma nota de 3,00 – seja qual for a moeda. Mas não se sinta culpado: nosso currículo escolar omitiu o latim, ou a língua portuguesa. Ou ambos.

Cachaça é uma bebida de teor (muito) alcoólico, fabricada cá por estas paragens, a partir de um mato gigante e doce, a cana-de-açúcar. Aos que porventura lhe provarem, recomenda-se (muita) moderação.


A Contabilidade da Criação

01/07/2010

Big Bang

Não passo de leigo em Física, ou Cosmologia. Lammer, Wanabe. Assumido.

Mas brincando um pouco com números, e usando uns conceitos que estavam lá, mofando no baú da época do Segundo Grau (é, moçadinha, era como a gente chamava nosso querido ensino médio, nos idos de 1991), a gente pode se divertir um pouco.

Começa assim:

E = mc^2; onde:

Energia (E) é a contida na porção de matéria em questão; ou, a parcela de energia efetivamente aproveitada na reação para torcer o espaço-tempo até que ele tome características de matéria (quarks, léptons, gravitron, etc., que geram mésons e elétrons, e então átomos).

Massa (m) é a porção de matéria que contém a energia E.

c = velocidade da luz ~ 3 . 10^8 m/s

Ora, a pequena parcela de energia efetivamente transformada em matéria (B) pelo Big Bang gerou a massa (M) estimada do Universo (deste, apenas): M=10^57 g.

Daí, vem:

B=Mc^2
B=10^57 g . (3 . 10^8 m/s)^2
B=10^57 g . 9 . 10^16 m/s
B=9 . 10^73 g.m^2.s^(-2)=9 . 10^70 J

Isto dá cerca de 90.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000 joules – ou 25.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000 kWh (quilowatt-hora, aquele da conta de luz)

Para comparar:

  • Uma casa típica consome cerca de 200 kWh por mês
  • A humanidade consome cerca de 131.000.000.000.000 kWh por ano (quase tudo na forma de combustível fóssil)
  • O Sol, nossa estrelinha, demora uma hora inteirinha para produzir meros 1.400.000.000.000.000.000.000.000.000 kWh! ‘Tadinho!

E não se esqueçam: aquele nove seguido de setenta zeros lá de cima foi apenas a energia que efetivamente foi transformada em matéria – apenas uma ínfima fração da energia total necessária para a reação.

É, pessoal… Deus é grande.


Apenas mais um blog

19/07/2009

O WordPress foi muito criativo, ao incentivar os novos membros de sua comunidade a usar (logo) o espaço que dá.

Para quem não se lembra, ou nunca criou um blog aqui, começa assim: aparece como título da nova página algo como “apenas mais um blog”.

Um incentivo à criação de conteúdo, bem pensado. E na forma de um desafio, uma provocação, até, aproveitando-se do instinto de diferenciação do tal do Homo sapiens. Que como várias outras espécies decidiu que marcar território é uma boa estratégia de sucesso na seleção natural.

Por exemplo, urinando no perímetro. Aquele cheiro, único para cada indivíduo (é o que parece), sinaliza os limites de seu domínio – individualizando-o.

A diferença é que os membros de nossa espécie também gostam de marcar território na mente de seus “iguais”. Urinando idéias em redor. Deixando sua marca na mente alheia. Individualizando-se.

E fazendo com  que sejamos todos únicos.

Uma multidão de únicos. Multidão, massa anônima, numerada, estatisticamente estimada – mas ainda assim de únicos. De idéias* únicas. De sentimentos únicos. De experiências únicas.

Vidas únicas.

E eu, apenas mais um, peço licença para engrossar, insignificantemente, a multidão. Anônimo, numerado, óbvio, comum. Infinitesimal.

Mas único.

Com sua licença… 

*Assim mesmo, em flagrante delito contra a Nova Ordem Ortográfica. Hasteando o acento da idéia, arvorando-o como símbolo do que ela nos deu: a própria essência do que é ser humano.


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